O Nada é a Raiz de Tudo
William Contraponto
Do nada ergue-se o sopro mudo,
Que anuncia o ser em seu ensaio,
Na penumbra fria germina o estudo,
Do caos que molda o próprio raio.
Nenhum sentido nasce inteiro,
É do vazio que o verbo emana,
O nada é ventre verdadeiro,
Que dá à forma a dor humana.
A vida insiste em se inventar,
Mesmo onde o tempo se desfaz,
Há um sopro que tenta se afirmar,
Na ruína que o ser nos traz.
Do limite brota o pensamento,
Raiz que toca o incerto chão,
É no silêncio do tormento,
Que o tudo nasce da contradição.
E ao fim, quando o verbo se cala,
O nada reina, lúcido e mudo,
Pois toda existência se embala,
Na origem simples de um tudo.
