CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS:
A Crença Transcendental que Mais se Proclama Racional é a Mais Excludente
Não se trata de advogar a favor ou contra qualquer crença classificada como racional, tampouco de legitimar a visão oposta. O cerne da questão é a contradição que emerge quando se busca delimitar a crença como racional ou não: um esforço que, por sua própria natureza, é vã.
Essa tentativa de definição, ao invés de esclarecer, acaba por excluir. Ao levantar a bandeira da racionalidade suposta, a crença torna-se instrumento de superioridade e discriminação, impondo limites e normas a quem ousa pensar diferente. É um gesto paradoxal. Aquilo que se proclama cognitivamente lúcido se utiliza de mecanismos de autoridade e exclusão, ações que, em essência, denunciam sua própria fragilidade.
A lógica que sustenta a racionalidade aqui se contradiz. Se a lucidez cognitiva é autônoma, não precisaria afirmar-se superior nem delimitar fronteiras. No entanto, ao fazê-lo, cria-se um campo de tensão social e epistemológico, em que a racionalidade se torna não apenas abstrata, mas politicamente performativa e muitas vezes perigosamente opressiva.

