A Liberdade Como Ato de Criação - William Contraponto

 



A Liberdade Como Ato de Criação

Vejo a criação como um exercício essencial de liberdade. Por isso, rejeito os moldes do mercado editorial e sua tentativa de domesticar o pensamento. A palavra, quando nasce do espanto e da lucidez, não deve servir ao lucro nem se dobrar às vitrines. Transformar o que é busca em mercadoria é sufocar o próprio gesto que o originou.

Não aceito a lógica que transforma ideias em produtos e o saber em marca. O valor de uma obra, para mim, está em seu percurso, ou seja, no modo como atravessa mentes, provoca, respira e se refaz em cada leitura. A internet e as redes são, nesse sentido, espaços de ar livre: nelas o texto vive, muda de forma, encontra novas vozes e significados.

Publicar sem barreiras não é desapego, é coerência. A poesia não foi feita para acumular poeira em estantes, mas para circular, tocar, germinar em outros. A palavra que se imobiliza morre; o verbo, quando cristalizado, perde sua força de revelação.

Por isso, não me interessa o culto ao impresso, o brilho do nome na capa ou o falso prestígio da exposição. Prefiro que meus escritos habitem o fluxonnum espaço onde há diálogo, movimento e respiração. Criar é, para mim, permanecer em deslocamento. O verbo só é verdadeiro quando pertence a todos que o fazem vibrar.

Essa escolha faz parte do próprio sentido da minha arte: não é protesto, mas coerência com o que penso e escrevo. Cada autor encontra o caminho que reflete sua visão de mundo; o meu é aquele em que a liberdade e a palavra caminham lado a lado.