E QUANDO É NÃO - WILLIAM CONTRAPONTO


E QUANDO É NÃO 
William Contraponto 

Tem quem não consiga conter 
O ímpeto de ser mau caráter 
Se aproveitando com foracidade
Do coração que carrega bondade.

Essa sanha desconhece limite
Tanto quanto sincero arrependimento,
Sendo que ela mesma se permite
Ao julgar ter posse e consentimento.

Ser bom não é igual 
A aceitar a tudo sujeição, 
Sem expressar um sinal 
De ponto final ou negação.

 Quando fronteiras são impostas
Tal gente mostra a face rancorosa,
 Usando uma campanha mentirosa
 Difama e calunia pelas costas.

Quando a resposta é negativa
A antes dócil se torna cruel
Na verdade sempre foi impositiva
E de frases com caráter sofismável.

Ser bom não é igual 
A aceitar a tudo sujeição 
Sem expressar um sinal 
De ponto final ou negação.

A TUA DOR [WILLIAM CONTRAPONTO]

 


A Tua Dor

William Contraponto 


Ninguém sente a tua dor,

Ninguém jamais sentiu,

Ninguém sabe como doeu,

Em quais sentidos a dor mexeu.


Ninguém tem a mesma cicatriz,

A exata noção do que viveste,

A cicatrização do teu ferimento,

Ninguém tem a medida, ninguém é você.


Então, eles - quem quer que sejam -

Não entendem, não merecem,

Ser levados em conta,

Nas suas opiniões superficiais.


Desconectadas do contexto único,

Das tuas experiências,

Ninguém é você,

Ninguém jamais será.





 

ERRO DE LEITURA - WILLIAM CONTRAPONTO




ERRO DE LEITURA 
William Contraponto 

Não me leias com suas lentes
Para evitar um grande equívoco,
 Suas observações seriam insuficientes
Uma vez que me conheces pouco.

Se pensas que algo realmente sabes
Só por ter ouvido comentários 
Creia neles e te enganes
 Já que não basta um alô nos aniversários.

 Tudo o que disseram é mentira,
Mas se você deseja acreditar
O problema também é a postura 
Indo além do erro de leitura.

 Acaso houver real interesse 
Não faça uma leitura distante,
 Acaso houver nebuloso interesse
Permaneça o mais distante.

Tudo o que disseram é mentira,
Mas se você deseja acreditar
O problema também é a postura 
Indo além do erro de leitura. 





TAÇA DE RAZÃO - WILLIAM CONTRAPONTO


 TAÇA DE RAZÃO 

William Contraponto 


Manter as portas fechadas 

Ou adormecer de punhos cerrados, 

 A diferença entre os seus valores

Muda nas versões dissimuladas.


O que alivia  a pressão é uma dose

Mas qual a dose certa?

A decisão mais esperta 

Entre as lágrimas e o concreto.


A taça que serve a razão 

Convence ou fica neutra

Num gole de alguma outra

Mais ardente questão. 

 

E, então,  volta

 Para aquela primeira

 Que toda noite te revira

 E por nada te solta.


Enquanto a taça cheia estiver 

O pensamento apenas bordeja,

Não se oferece a quem quer que seja

Aquilo que somente nos cabe beber.


Quando a taça esvaziar 

O pensamento já não bordeja,

Não se entrega a quem quer que seja 

A decisão que somente nos cabe tomar.



Quando Nasço

 



Quando Nasço 

William Contraponto 


Eu nasço nas alvoradas

Quando o sol me convida para a dança,

E se despedem mansas as madrugadas

Presenteando a estrada com orvalhos de esperança.


 Cada dia é um parto de luz e vida

Onde tudo se refaz, onde tudo se recria,

 Cada dia é uma obra de arte desconhecida

Que muito inspira, que muito ínicia.


Quantas vezes mesmo eu renasci?

A contagem, agora, não é tão importante,

Sei que até num poema de Rimbaud que li

Outra vez me fez nascer naquele instante.


 Aquilo que não acaba se expande

Tanto que precisa romper algum limite,

Saltando da redoma de já pouca claridade 

E vindo novamente à luz mais consciente.


Quantas vezes mesmo eu renasci?

A contagem, agora, não é tão importante,

Sei que até num poema de Rimbaud que li

Outra vez me fez nascer naquele instante.