CONGRESSO MARGINAL - WILLIAM CONTRAPONTO




 Congresso Marginal

 William Contraponto


As vozes se vendem por moedas gastas,

na mesa dourada que não vê a rua.

Assinam folhas e rasgam promessas,

e o povo assiste, calado, à sua.


Na tribuna, os discursos vazios,

palavras vestidas de falsa razão.

Por trás das cortinas, negócios sombrios,

a pátria leiloada em cada votação.


Congresso marginal, teatro do poder,

onde o voto é moeda e a mentira é lei.

Congresso marginal, palco de perder,

quem acredita sangra outra vez.


Erguem bandeiras que já não tremulam,

são panos de farsa, costura de pó.

E cada silêncio que as ruas acumulem

vira alimento pra quem manda só.


Os olhos do povo carregam cansaço,

mas ainda resistem no peito a lutar.

Pois toda mentira tem fim e tem prazo,

nenhuma muralha é feita pra durar.


Congresso marginal, teatro do poder,

onde o voto é moeda e a mentira é lei.

Congresso marginal, palco de perder,

quem acredita sangra outra vez.