O Preâmbulo do Sinuoso Amanhã - William Contraponto




O Preâmbulo do Sinuoso Amanhã

William Contraponto


No espelho o indivíduo se pergunta,

mas não é só de si que diz o reflexo 

O tempo o cerca, exige resposta,

entre o que cala e o que desponta.


O amanhã não é linha reta,

carrega desvios, curvas abertas.

Uns vendem certezas já apodrecidas,

outros recolhem verdades dispersas.


A democracia ainda respira,

mas sufocada por mãos de ferro.

O ouro dita leis silenciosas,

o povo tropeça em promessas de desterro.


Entre gritos de ordem e velhos estandartes,

ergue-se o espectro da mentira.

Ela se disfarça em nome de pátria,

mas guarda o preço da ferida.


E o ser, perdido entre lutas alheias,

pergunta se sua voz resiste.

Pois cada passo nesse sinuoso amanhã

decide se a esperança ainda existe.