SÓ, MAS INTEIRO - WILLIAM CONTRAPONTO

 



SÓ, MAS INTEIRO

William Contraponto 


Sou só, mas não sou vazio, 

me escuto melhor quando o mundo se cala. 

No caos de estar só, eu crio um desvio,

lar na incerteza, farol sem escala. 


Entre os ruídos de um dia comum, 

me encontro nas sobras do que não falei. 

Caminho sozinho, porém sou um 

com tudo que fui, com tudo que amei. 


O tempo sussurra verdades tortas, 

sou rima esquecida, sou verso que insiste. 

As portas que fecho abrem outras portas, 

a ausência me molda, e nela eu existo. 


Sou só, mas não sou vazio, 

me escuto melhor quando o mundo se cala. 

No caos de estar só, eu crio um desvio,

lar na incerteza, farol sem escala. 


Amar sem presença é puro ensaio, 

um eco do toque que nunca chegou. 

Mas dentro de mim, onde nunca é atalho, 

há pontes e mapas que o tempo guardou. 


Não há solidão onde mora sentido, 

sou cheio de ausências que sabem dançar. 

Bem acompanhado por quem não é tido, 

só eu e meus eus a me completar.


Sou só, mas não sou vazio, 

me escuto melhor quando o mundo se cala. 

No caos de estar só, eu crio um desvio,

 lar na incerteza, farol sem escala.