CÍRCULO INFINDO - WILLIAM CONTRAPONTO

 


Círculo Infindo 

William Contraponto 


O tempo gira, insone e exato,

o que foi pó, renasce em vento.

O que foi forte, hoje é retrato,

o que era novo, jaz em cimento.


O mesmo sol que abre caminhos

deixa os desertos em seu clarão.

E o mar que embala barcos e ninhos

afoga sonhos sem compaixão.


Dança o destino em passos tortos,

somos começo, somos fim.

Entre ruínas e campos mortos,

sempre há um grão que nasce enfim.


Os deuses falam por vozes gastas,

seus nomes mudam, mas são iguais.

Erguemos templos, cortamos matas,

mas carregamos os mesmos sinais.


A noite engole o dia, e o dia responde,

mas quem governa, quem se mantém?

A chama apaga, o rio se esconde,

mas sempre volta quem vai além.


Dança o destino em passos tortos,

somos começo, somos fim.

Entre ruínas e campos mortos,

sempre há um grão que nasce enfim.