INSÍGNIA VAZIA - WILLIAM CONTRAPONTO

 



Insígnia Vazia

William Contraponto 


Forjaram rostos sob o mesmo selo, 

Apagam nomes, moldam multidão. 

O canto livre tornou-se flagelo, 

Num eco surdo dentro da prisão. 


Erguem as torres com fios de comando, 

A alma é curva em tela monitor. 

O passo é vigiado, o verbo é brando, 

A mente cala sob o domador. 


As leis são máscaras de porcelana, 

Que brilham falsas sob o sol do império. 

A carne sonha, mas a grade emana 

Um sono denso, lúgubre e etéreo. 


Cada sujeito esfarela no sistema, 

Arquivado em códigos sem rosto. 

Há corações que ardem, mas sem tema, 

Tornam-se um número em tom desgosto. 


E quando o grito sobe pela escada, 

O teto desce em verbo programado. 

O “eu” que resta — cinza, quase nada — 

Já foi calado, moldado, apagado.