Arquitetura do Pertencimento
William Contraponto
Entra o sujeito na roda,
Traz consigo o medo antigo.
A multidão o acolhe com o rótulo
E apaga o vestígio.
Dão-lhe um nome que não foi dito,
Um grito que não nasceu da garganta.
Uniformes são distribuídos,
E a dúvida é levada à estampa.
Na comuna, ergue-se o mito 
Não do ser, mas do encaixe.
Há valor no coletivo restrito
E censura sob a face da paz.
Ali, a verdade é ditada
Pelo consenso não questionado.
Aquele que pensa à margem
É cedo tornado culpado.
A pertença, quando imposta,
É corrente de ouro polido:
Reluz à luz da promessa,
Mas cala todo o ruído.
Não é o laço o problema,
Mas o nó que se firma no engano.
Comunidade que exige pureza
Cobra alto pelo humano.
