Expansão
William Contraponto
O cosmos cresce e nunca diz aonde,
um passo além da lógica que alcanço.
A linha do horizonte já responde
com tudo o que se perde no avanço.
As galáxias se vão, como se fossem
fragmentos de um passado que desaba.
Na fuga das estrelas, olhos rocem
a face oculta de uma luz que acaba.
Enquanto a luz se curva no caminho,
o tempo se despede da medida.
E nós, varridos como pó sozinho,
tentamos nomear o vão da vida.
Crescemos dentro, como quem procura
a forma de caber no que transcende.
A mente, que se forma da ruptura,
se abre ao que desconhece e não entende.
Não há origem firme a nos guiar,
nem eixo onde repousa o que é inteiro.
E mesmo sem um chão para pisar,
avança o pensamento passageiro.
Talvez sejamos sopro entre colisões,
matéria a questionar seu próprio abrigo.
Mas mesmo entre ruínas e explosões,
há algo em mim que sussurra: sigo.
