Tudo Passa
William Contraponto
Tudo passa,
Mesmo o que jura ficar.
A pedra vira poeira
E o rio aprende a secar.
Chamam de eterno o instante
Que mal sabem definir.
Mas o tempo, sem descanso,
Ensina a desistir.
A casa que foi abrigo,
O nome que foi poder,
São sombras no mesmo abrigo
Do que deixamos de ser.
Tudo passa,
Mesmo o que jura ficar.
A pedra vira poeira
E o rio aprende a secar.
Insistem em congelar
O que só sabe escorrer.
Fotografam o momento
Como se fosse deter.
Mas tudo é deslocamento,
Tudo é vento a se esvair.
A permanência é um invento
Pra adiar o porvir.
Tudo passa,
Mesmo o que jura ficar.
A pedra vira poeira
E o rio aprende a secar.
.
.
.
Ouça:
