Entre Promessas e Chamas
William Contraponto
O fogo arde sem consumir,
pintado em sombras pela prece,
é labareda a corrigir
quem ao dogma não se aquece.
Mas que fronteira desenharam
entre a culpa e a redenção?
Que mãos ocultas fabricaram
as algemas da salvação?
Se o céu é dádiva futura,
por que a terra é só tormento?
Se a paz é mera assinatura,
qual o preço do lamento?
Há um véu sobre o horizonte,
feito de luz e de condeno,
mas quem caminha pela ponte
sabe: é o mesmo ar que é veneno.
E assim prossegue a humanidade,
presa entre o medo e a ilusão,
negociando eternidade
com moedas de submissão.
