DILUIÇÃO - WILLIAM CONTRAPONTO

 



DILUIÇÃO

William Contraponto


Não há glória em ser espelho  

do olhar alheio, desatento.  

A alma, quando se faz conselho,  

cede ao mundo seu argumento.  


Rebaixa-se quem se esculpe  

segundo o molde do instante,  

pois o aplauso, quando adulpe,  

cobra a essência em semblante.  


O meio, por vezes, seduz  

com promessas de pertença,  

mas o preço da falsa luz  

é a morte lenta da crença.  


O que és — sê por inteiro,  

mesmo à custa do silêncio,  

pois o disfarce passageiro  

é cárcere sem alento.  


Quem muito se molda ao externo  

perde o nome no reflexo.  

E o ser, tornado moderno,  

é só vulto, vão, anexo.  



.

.

.


Ouça: