Sede Infinita
William Contraponto
Não me basta o que me dizem,
nem o mapa já traçado,
ando em busca do abismo
onde mora o inacabado.
Cada página é um espelho
me mostrando o que não sei,
e o silêncio me aconselha:
vai mais fundo, não parei.
Tenho fome de mistério,
sede viva do talvez,
me alimento do etéreo
e do verbo em sua vez.
Não é falta de sossego,
é vontade de entender—
que a pergunta vale o preço
de jamais me deter.
Vejo o mundo em entrelinhas,
sinto o tempo se dobrar,
o que é certo se inclina
quando insisto em questionar.
Não me acalma o já sabido,
nem me prende a direção,
sou discípulo do ruído
onde pulsa a intuição.
O saber não tem chegada,
é caminho em combustão,
cada dúvida é chamada
pra uma nova imersão.
Tenho fome de mistério,
sede viva do talvez,
me alimento do etéreo
pra viver com lucidez.
Não é medo do concreto,
é desejo de crescer—
quem pergunta, se liberta
por ousar se desconhecer.
