Árvore de Mim
William Contraponto
Minhas raízes afundam na terra molhada,
braços de tempo que nunca se apagam.
São memórias, medos, risos e abraços,
os ventos da infância que sopram dos laços.
No caule, eu cresço, anéis de jornada,
cicatrizes que guardo, lições desenhadas.
Cada ruga na casca é um dia vivido,
sou forte, sou frágil, sou meu próprio abrigo.
E os galhos, os sonhos que estendo ao céu,
uns fortes, inteiros, outros ao léu.
Frutifico em amores, perco folhas no outono,
renasço em silêncios, refaço meu trono.
Sou árvore erguida na brisa ou na dor,
danço com a vida, recebo o sol.
E mesmo que o tempo me curve a espinha,
sou tronco, sou vida, sou sombra que aninha.
