Tensões Insolúveis
William Contraponto
Desejo o teu olhar que me desvenda,
Mas temo ser espelho e não mistério.
Na tua liberdade que me ofenda,
Procuro um porto e encontro um hemisfério.
Queria que me amasses por vontade,
Sem leis, sem jaulas, sem promessa vã.
Mas clamo por constância e lealdade
Enquanto a tua alma quer manhã.
Se tento te prender, tu me resistes,
Se solto, a angústia em mim se faz furor.
O amor nos une em pactos tão tristes,
Travando em carne o grito do temor.
Não há fusão — há campos de batalha,
Dois mundos que se cruzam e recuam.
No gesto mais gentil, a força falha,
Dois corpos que se amam, mas se anulem.
E sigo te amando em contradição,
Pedindo que tu sejas o que és.
Amar é ver no outro a negação
E mesmo assim ficar de pés a pés.
