Escolhas Insensatas - William Contraponto



Escolhas Insensatas

William Contraponto


Não viu o traço no chão ressequido,  

Nem leu o vulto na contramão,  

Tomou por certo o que era fingido  

E selou-se ao erro sem contrição.  


Insistiu na palavra quebrada,  

Na verdade de aparência hostil,  

Fez morada na estrada errada  

E ao justo chamou de febril.  


Julgou que o mundo se curva ao intento,  

Que a lógica se dobra ao desejo,  

Mas a essência não cede ao vento  

Nem a sorte tolera o lampejo.  


Seguiu sem notar os sinais do abismo,  

Com olhos de cego em céu de brasas,  

E as mãos, movidas por egoísmo,  

Construíram ruínas em asas.  


Agora é lenda sem canto ou cor,  

Registro da queda entre o nada e o mais,  

Reflexo eterno do próprio torpor  

Nas escolhas insensatas, mortais.