O FIO DO REAL
William Contraponto
O factível é tênue no caos crescente,
Vaga entre ruínas do saber,
Pois o que era luz aparente
Já não consegue acender.
Quando a fala não se ancora,
E o ensino se desfaz,
Como é que a mente devora
O que nunca é veraz?
Não é com dogma repetido
Que se edifica a razão,
Mas com silêncio erguido
Na escuta e na revisão.
O factível é tênue no caos crescente,
Vaga entre ruínas do saber,
Pois o que era luz aparente
Já não consegue acender.
Quando o verbo é só ruído,
E o saber se torna encenação,
O estranho se faz conhecido
Na forma da desinformação.
Sem nenhuma ponte segura,
A ideia vaga em contramão 
E o mundo, em sua loucura,
Confunde mentira com construção.
O factível é tênue no caos crescente,
Vaga entre ruínas do saber,
Pois o que era luz aparente
Já não consegue acender.
