ECO DO NÃO DITO
William Contraponto
No ar repousa um som ausente,
de um nome que ficou silente.
Não veio à voz, ficou retido,
mas vive em tudo o que é contido.
Nas sombras fala o não falado,
o verbo antigo, oculto, alado.
Pairando além do que é escrito,
um eco vago, mais que o mito.
Não houve cena, nem relato,
mas sinto o traço no abstrato.
É como um passo que hesita,
e deixa marcas... na desdita.
O que não disse, me atravessa,
como a lembrança que não cessa.
E no silêncio mais bendito,
escuto o eco do não dito.
