O ESPINHO QUE SUSTENTA O LUXO - WILLIAM CONTRAPONTO




O Espinho que Sustenta o Luxo

William Contraponto 


O lixo na cidade se acumula,

O luxo segue o mesmo caminho. 

A bandeira de poucos trêmula,

Enquanto a maioria pisa espinho. 


O grito da fome é contido,

abafado por telas brilhantes.

Um povo cansado e esquecido,

som perdido em ruas distantes.


As praças se tornam vitrines,

com passos de pressa e descaso.

Erguem-se muros e confins,

derruba-se o humano no atraso.


O poder se veste de ouro,

mas seus pés tropeçam na lama.

Promete futuro sonoro,

entrega cinza e mais trama.


Enquanto se erguem palácios,

ergue-se também a miséria.

Nos becos, os corpos cansados

carregam a dor que não cessa.


E o tempo que passa impassível

não limpa a ferida exposta.

A cidade, em ciclo terrível,

repete a mesma resposta.