Caminhos Celestes - William Contraponto

 



Caminhos Celestes

William Contraponto 

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Galáxia de Esquinas


Em espiral, o céu se abre em luz 

E estrelas caem, tímidas, ao chão 

Na vastidão, o eco do que há de cruz 

No espaço, ressoando um velho sermão 


A Via Láctea gira em silêncio só 

Tece segredos de um tempo sem fim 

Cada estrela, um grito, um eco, um dó 

Reflexo do que fomos, e somos enfim 


Caminhantes, somos pó, somos ar 

Entre os astros, seguimos sem saber 

O que resta daquilo que foi no lar 

Que o cosmos nos sussurra, sem querer 


E no fim, o que deixamos, ao partir 

Será o brilho de uma estrela a brilhar 

No coração da galáxia a insistir

Que nada se apaga, apenas a esperar 


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Mercúrio

Apressado, sem destino, sem cessar,

Mercúrio se dissolve no vácuo, sem mais,

Em sua rotação, busca escapar do olhar,

Mas no fim, é só a solidão que nos faz.


Vênus

Em tua beleza, o engano se esconde,

Vênus, onde a verdade se dissolve no ar,

Teus ventos nos dizem que nada responde,

E o amor é um jogo de quem sabe esperar.


Terra

Somos poeira sobre o que já se foi,

A Terra nos cobra, mas nada responde,

Em nossa jornada, o vazio nos constrói,

E a existência se apaga, onde o futuro se esconde.


Marte

Em tua luta, Marte busca sentido,

Mas a guerra é a sombra do homem sem fé,

Tu, solitário, és um sonho perdido,

Onde o fim é a única verdade que se vê.


Júpiter

Rei do caos, mas nada em ti é paz,

Júpiter, teu poder é a máscara do ser,

Em tuas tempestades, o vazio se faz,

E o eterno questiona o que é viver.


Saturno

Teus anéis são as correntes que nos prendem,

Saturno, o tempo que devora sem cessar,

Na tua órbita, todos os sonhos se rendem,

E o fim é apenas o que vem sem pesar.


Urano

Em tua revolução, Urano se perde,

Tentando fugir do absurdo que nos guia,

Na angústia da mudança, tudo se cede,

E o ser se dilui na eterna agonia.


Netuno

Nos teus mares, Netuno, buscamos o não,

Teus sonhos são as prisões que nos cercam,

A mente se afunda, perdida em ilusão,

E no abismo, o verdadeiro nunca se encontra.


Plutão

Distante, mas presente no que há de morrer,

Plutão, o fim que nos leva sem querer,

Em teu silêncio, o nada a nos consumir,

E na morte, o sentido se desfaz ao partir.



O Sol

Fonte de vida, em teu brilho, há a clareza,

Com tua luz, a terra desperta ao amor,

O Sol, guardião da eterna fortaleza,

Em cada raio, renova o nosso valor.


Teu calor nos guia e nos faz crescer,

Em teus raios, vemos a verdade brilhar,

O Sol, farol de esperanças a florescer,

Nos mostra o caminho, nos ensina a lutar.


A cada amanhecer, em teu abraço, há paz,

O Sol é a chama que ilumina o ser,

Com sua luz, tudo se faz capaz,

E na sua força, o mundo a resplandecer.


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