O Silêncio Que Te Espia - William Contraponto

 



O Silêncio Que Te Espia

William Contraponto 


Te escondes no ruído e na agonia,

temendo o vulto da própria verdade.

Chamas de vida a farsa que te guia,

mas vives sob o fio da tempestade.


Teus gestos são ensaio e encenação,

reflexos de um deserto mal coberto.

Teu riso é disfarce da contramão,

pois nunca estiveste assim tão perto.


O quarto te devolve o que calaste:

um murmúrio sem rosto, frio, inteiro.

No fundo do silêncio que evitaste,

te espreita um ser sem nome e verdadeiro.


Não foges só do mundo lá de fora,

mas da presença crua que te habita.

O barulho é o refúgio de quem chora

sem ter coragem de escutar a dita.


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