Lilo
William Contraponto
Chamaram-me Lilo, por falta de voz,
que dissesse "William" sem tropeçar.
Entre risos soltos e passos atroz,
era um nome pequeno a me nomear.
Com os cabelos dourados ao vento,
desafiava o mundo sobre o guidão.
Na bicicleta, um breve momento
parecia calar toda interrogação.
Voava nos dias, menino a sonhar,
como quem já sentia o que viria:
que o mundo é espelho difícil de olhar,
e a infância como véu feito de poesia.
Na rua e na calçada, ganhava o chão,
mas o céu insistia em me chamar.
Entre tombos, silêncios e negação,
comecei, sem saber, a questionar.
Hoje sou verso, sou contradição,
poeta que pensa sem se impor.
Mas em mim ainda vive a invenção
de quem foi "Lilo" antes da dor.
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