Arco-Íris de Decisões (Um Poema em Sete Cores)
William Contraponto
Vermelho – O Fogo da Rebelião
Vermelho é a cor que queima o coração,
é a força que rasga o manto da mentira.
Na rua escura, a mão que levanta a paixão
é a chama que consome e nunca retira.
Vermelho grita, e o grito não se cala,
é a voz do oprimido, é o povo a clamar.
É a luta constante, é o sangue que entala,
o impulso da terra que quer se libertar.
Laranja – A Falácia da Esperança
Laranja é a cor que promete o futuro,
mas não cumpre, não traz o que se sonha.
É o brilho que ofusca, o gosto amargo e seguro,
uma ilusão que deixa a alma tristonha.
O laranja se espalha onde o sonho é vazio,
onde o trabalhador espera pelo pão.
É a cor do consolo que acaba no frio,
do doce que não vem, mas engana a mão.
Amarelo – A Ilusão da Comodidade
Amarelo é o sol que cega e não aquece,
é o brilho do ouro que nunca se toca.
É o sorriso que enfeita, mas não aparece
onde a dor fura e a liberdade se estoca.
No amarelo vive quem não questiona,
que segue o caminho sem olhar para o lado.
É a paz de quem finge e se entona,
mas o preço é o silêncio que tem ficado.
Verde – A Luta do Renascimento
Verde é a cor da terra que grita,
mas cresce mesmo quando apanha.
É o campo que brota e que nunca se limita,
é a força do homem que não se apanha.
No verde é onde a esperança se faz,
onde o operário sabe que o fim não chegou.
A cor que resiste em meio à paz
que é vendida, mas nunca deixou.
Azul – A Desilusão do Céu Sem Resposta
Azul é o céu que se estende e não toca,
é a cor do vento que não vê o chão.
É o grito de quem em silêncio sufoca,
no coração vazio, sem direção.
O azul não diz, só observa a dor,
vê as ruínas sem se abalar.
É a calmaria que exibe o temor,
e a frieza que só sabe pesar.
Anil – O Silêncio da Morte
Anil é a cor que nunca se escuta,
é o eco vazio que assombra o olhar.
É a ausência que desce e nos captura,
é o vazio que toma, sem despertar.
Quem vê o anil não vê a vida em flor,
só o abismo e o silêncio da estrada.
É o ponto final do poema e do clamor,
onde a alma cai e a dor fica calada.
Violeta – A Última Luz da Liberdade
Violeta é a cor da morte que não cessa,
da liberdade que nasce com o fim.
É o toque final, onde o ser se esqueça,
mas se dissolve, renascendo enfim.
O violeta queima onde o corpo se apaga,
mas não há tristeza, só a libertação.
É a cor que encerra e a vida alaga,
é a vitória do espírito sem prisão.
O Arco-Íris - Reflexo Final
O Arco-Íris, então, é mais que cores.
Ele é o espelho da luta, da dor, do ser.
Cada cor nos chama a ver e a ter
a coragem de lutar para poder renascer.
