Entre a Terra e o Ninguém
William Contraponto
Pisou a estrada sem ter mapa
só o vento como guia
um pensamento feito capa
pra esconder a própria via
Levava o tempo nos bolsos
e a ausência no olhar
ninguém notava os soluços
no seu jeito de calar
Entre a terra e o ninguém
canta baixo o que não vem
não tem porto, nem talvez
mas caminha outra vez
Na curva o mundo se estreita
feito um sonho mal dormido
toda palavra é suspeita
todo abraço, dividido
Entre a terra e o ninguém
canta baixo o que não vem
não tem porto, nem talvez
mas caminha outra vez
E se um dia perguntar
pra onde o tempo fugiu
vai sorrir sem confirmar
que a esperança também ruiu
Entre a terra e o ninguém
planta dúvidas, colhe além
não tem rumo, nem adeus
mas respira como os seus
