NA FRONTEIRA DE NÓS DOIS - WILLIAM CONTRAPONTO




Na Fronteira de Nós Dois

William Contraponto


Na esquina estreita do mundo,

onde o olhar pesa mais que a pedra,

nós dois existimos à revelia,

de um céu que nunca nos celebra.


Gritam nomes, constroem muros,

com dogmas, cruzes, fardos e leis,

mas vivemos, mesmo sem permissão,

num agora que ninguém desfez.


Disseram que amar era errado,

que Deus não cabe no nosso abraço...

Mas se o inferno é o outro,

não sou eu quem lança o laço.


Vivemos, apesar do medo,

no absurdo que a fé construiu,

somos escolha em meio ao silêncio,

somos desejo que nunca fugiu.

E mesmo que tudo negue o que somos,

seguimos, porque amar é ser.

Na fronteira de nós dois,

há um mundo que não quiseram ver.


Carregamos angústias herdadas,

verdades partidas em becos calados,

mas cada toque teu me ancora

no sentido que não vem dos fados.


Saltamos sem chão sob os dias,

com a fé de quem teme e insiste,

e encontramos abrigo nos gestos

que provam que o amor persiste.


Disseram que a alma tem forma,

e que a nossa é ausência e engano...

Mas não há essência que nos prenda

quando o afeto é soberano.


Vivemos, apesar do medo,

no absurdo que a fé construiu,

somos escolha em meio ao silêncio,

somos desejo que nunca fugiu.

E mesmo que tudo negue o que somos,

seguimos, porque amar é ser.

Na fronteira de nós dois,

há um mundo que não quiseram ver.


Não há condenação mais cruel

que viver sob o olhar alheio.

Mas o amor é nossa resposta

ao vazio feito de receio.


Vivemos, apesar do medo,

no absurdo que a fé construiu,

somos coragem em carne e beijo,

somos liberdade que resistiu.

E mesmo que tudo negue o que somos,

seguimos, porque amar é ser.

Na fronteira de nós dois,

há um mundo inteiro por renascer.