Quem sou eu para escrever o que escrevo?


 Quem sou eu para escrever o que escrevo?


Escrevo há vinte anos. Para jornais, para sites, para quem quiser ler.

Há quinze anos, vivenciei a prática: atuei em associações culturais, comunitárias, presidi grêmio estudantil, estive em movimentos sociais — inclusive na luta LGBT — e comuniquei, com voz firme, em rádio comunitária.

Trago na pele e na palavra a marca das experiências políticas e ideológicas que atravessam minha existência desde sempre.


Tenho 38 anos de vida. E esta é, talvez, minha maior formação.


Sou inquieto. Busco, pesquiso, observo, anoto.

Gosto do que é difícil de compreender — não por vaidade, mas por necessidade. Porque há beleza no que exige mais da mente e do sentir.


Não temo a sombra: ela é natural.

Não fujo do vazio ou do silêncio: convivo com eles. E sei que são territórios que só os corajosos atravessam sem desviar os olhos do espelho.


O que escrevo nasce disso tudo.

Da coragem de pensar.

Do risco de sentir.

Da ousadia de encarar o que muitos evitam.