Sinal dos Saturninos
William Contraponto
Os olhares saturninos acoam
Transmitindo uma sinalização,
Feita de sombra e de idioma
Que escapa à compreensão.
São faróis de uma ausência contida,
São espelhos do não-lugar,
Onde a verdade adormecida
Insiste em não se calar.
A verdade não brada no vento,
Nem desce em clarão triunfal,
Ela dança num tempo lento,
Em silêncio essencial.
Não gritam, não se exaltam,
Mas vibram no contrassom
Enquanto os olhos se faltam,
A alma escuta o tom.
E no passo que se atrasa,
Algo novo se faz ver:
Não é o saber que embasa,
Mas o ato de aprender.
A verdade não brada no vento,
Nem desce em clarão triunfal,
Ela dança num tempo lento,
Em silêncio essencial.
