15 Frases LGBTQIAfóbicas que Pseudos Aliados e Preconceituosos Declarados Usam

Em junho, o mês do ano que dá maior visibilidade e protagonismo para a causa LGBTQIA+, é bastante comum que muitas pessoas declarem, principalmente nas redes sociais, que são contra qualquer tipo de discriminação. Porém, para tornar a nossa sociedade mais acolhedora para as pessoas que pertencem a essa comunidade, é necessário muito mais que isso. É preciso muito mais autocrítica e mudanças reais de hábitos.

O que é LGBTfobia? 

LGBTfobia é um conceito que abrange diversas formas de agredir pessoas que não são heterossexuais ou cisgêneras, seja verbalmente, fisicamente ou psicologicamente.
Contrário ao que muitos pensam, as atitudes LGBTfóbicas não se limitam a violências verbais ou físicas. Não é porque uma pessoa não xinga ou bate em alguém deste grupo que ela não reproduz a LGBTfobia. Assim como em outras discriminações, como a racial, por exemplo, a LGBTfobia está enraizada nos comportamentos sociais e na forma como nossas crianças são educadas, e por isso muitas atitudes dessas podem passar despercebidas e continuam se perpetuando geração pós geração.

Por que os discursos LGBTfóbicos são agressões? 

Discursos são poderosos. Tanto para o bem, quanto para o mal. E quando pensamos em LGBTfobia, os discursos preconceituosos são violências potentes para quem as sofre.
Ao conviver, muitas vezes desde a infância, com xingamentos, opressões e repressões, a pessoa agredida pode desenvolver uma série de traumas psicológicos como fobia social, baixa autoestima, auto-ódio, depressão, ansiedade e muito mais. Além disso, as falas discriminatórias são grandes responsáveis por sustentar a LGBTfobia na sociedade, formando pessoas preconceituosas que praticam ações como injúria, exclusão social, agressões físicas e até mesmo homicídios de gays, lésbicas, bissexuais, transsexuais e +.

Frases preconceituosas contra LGBTQIA+

Agora que você já sabe um pouco mais sobre como os discursos são prejudiciais e relevantes para a cultura de LGBTfobia na sociedade, é importante colocar as mudanças em prática. Confira a seguir algumas falas que são comumente reproduzidas por grande parte das pessoas e que devem ser excluídas de uma vez por todas do vocabulário.

1- “Se você fosse homem/mulher…”

A orientação sexual de uma pessoa não interfere no que a pessoa é ou em seu gênero. Vale lembrar também que a orientação refere-se a forma de uma pessoa se relacionar com outra, e identidade de gênero é sobre o gênero que a pessoa se identifica.

2- “Esse trabalho é para macho, não é para você”

Não existem “trabalhos de homem” e “trabalhos de mulher”. Todas as profissões podem ser realizadas por todos os gêneros.

3- “Não precisa sair contando para todo mundo que você é gay/lésbica/bi….”

A nossa sociedade é classificada como heteronormativa. Isso significa que, por padrão, a heterossexualidade e os relacionamentos heterossexuais são tidos como fundamentais e “naturais” dentro da sociedade. Considerando isso, quando uma pessoa não declara sua orientação sexual, automaticamente pressupõe-se que ela é heterossexual e anula-se a possibilidade dela ter outra orientação.

 4- “Quando/como você virou gay/lésbica/bi/trans…”?

Nem de longe a orientação sexual é uma escolha. Ninguém vira ou aprende a ter ou a ser. A orientação sexual é intrínseca ao ser humano.

5-  “Eu não tenho preconceito, mas…”

“Mas” é uma conjunção adversativa. Ou seja, o emprego de “mas” após uma afirmação indica contradição do que foi dito anteriormente. Uma pessoa verdadeiramente sem preconceitos não relativiza sua opinião. Apenas respeita. Sem poréns. 

6- “Quem é o homem/mulher da relação?”

Essa frase tenta colocar as relações homoafetivas dentro do padrão heteronormativo. Em uma relação entre pessoas do mesmo sexo, a ideia é, justamente, que não tenham pessoas do sexo oposto.

7- “LGBTQIA+ querem privilégios. Os direitos devem ser iguais para todos porque somos todo iguais”

É claro que somos todos iguais. Inclusive, a causa LGBTQIA+ luta justamente para que essa igualdade seja respeitada. Porém, os direitos que deveriam abranger todas as pessoas não conseguem garantir que as vidas das pessoas LGBTQIA+ sejam integralmente respeitadas. Vemos isso quando olhamos para os casos de agressões e exclusão para com esse grupo. A expectativa de vida da população trans, por exemplo, é de apenas 35 anos, enquanto da população geral é de 75 anos. Por isso, são necessárias medidas que façam valer direitos para tratar das especificidades deste grupo e colaborar com a igualdade de fato.

8- “Ser gay/lésbica/bi/trans, tudo bem, contanto que não dê em cima de mim!”

A ideia de promiscuidade das pessoas LGBTQIA+  ainda está muito presente na sociedade. E quando você fala essa frase você acaba por reforçar este senso erroneamente disseminado. 

9- “Você nem parece gay/lésbica/bi/trans…”

Ao dizer isso você até pode ter a intenção de elogiar alguém. Mas saiba que essa frase está longe de agradar essa pessoa. Ser gay/lésbica/bi/trans não é algo negativo, então não há porque querer se desvencilhar deste grupo e querer parecer heterossexual. Além disso, essa frase também reforça a estereotipação das pessoas LGBTQIA+, buscando impor um determinado padrão de comportamento e aparência para elas. 

10- “O que vou explicar aos meus filhos?”

A homoafetividade e transsexualidade não devem ser considerados tabus. A melhor forma de acabar com a LGBTfobia é naturalizar a existência dessas pessoas. 

11- “Sabe aquele(a) gay/lésbica…?”

A sexualidade não deve virar referência para citar uma terceira pessoa. Ninguém usa a heterossexualidade como uma característica para se referir a alguém. Então a homossexualidade também não deve ser destacada como a característica principal de uma pessoa.

12- “Tudo bem ser lésbica, mas precisa se vestir como homem?”

Não cabe a ninguém julgar ou questionar o que o outro veste. Uma mulher heterossexual, por exemplo, não precisa usar apenas vestidos. Cada um deve ter o direito de escolha sobre a própria vestimenta. 

13- “Gays entendem tudo de moda, né? Me dá umas dicas”

Mais uma vez é importante reforçar que os estereótipos não são bem-vindos. Quando você tenta encaixar uma pessoa a um padrão comportamental, como o fato de gays terem que entender de moda, fica exposto um desejo de controlar o modo de ser do outro e impor um padrão aceitável de ser ao outro.

14 – ”Bissexuais ficam em cima do muro ou não querem quer se assumir”

Errado. As pessoas bissexuais têm sua orientação sexual muito bem definida: se relacionam com todos os gêneros e isso não significa uma indecisão nem que ainda não tiveram coragem de expôr a homossexualidade. 

15 – “Vocês não aceitam opiniões contrárias e ficam de mimimi”

A partir do momento que uma opinião viola a liberdade de ser e viver de um grupo social, ela não é mais uma opinião, e sim uma discriminação. E isso não deve, de fato, ser tolerado.
Uma pessoa heterossexual não conhece a vivência e vulnerabilidade da segurança de uma pessoa LGBTQIA+. Conviver com o medo e o perigo iminente é grave e esse fatores não podem ser relativizados. A violência contra este grupo é real e é muito importante que os discursos sobre a causa não sejam minimizados ou invalidados. LGBTQIA+ precisam ter o direito de ter voz e lutarem por seus direitos como cidadãos.

Todos podem mudar e aprender

Apesar das pessoas LGBTQIA+ existirem desde sempre, a visibilidade desta causa ainda é muito recente. Por isso, é compreensível que você, heterossexual, ainda não tenha conhecimento sobre as formas de ser anti-LGBTfóbico. O importante é estar disposto a aprender e a melhorar. Errou em alguma fala? Ofendeu sem querer? Chamou uma mulher trans de ‘ele’? Corrija, peça desculpas ou ainda pergunte a melhor forma de se expressar.

JÁ NÃO TEM ESPAÇO


JÁ NÃO TEM ESPAÇO

Não haverá recuo
Você vai perceber,
E eu não atuo
Ao contrário de você
O seu turno tão perverso
Já não tem espaço no universo.

Assim como o bem
Acaba por vencer o mal,
A verdade ainda vai além 
E mostra a face real 
De quem é quem
Ao desmascarar tudo ao final

Acusou a gente inocente,
Antes que fosse apontada,
Foste a ardilosa serpente
Mas dançou a dança errada
E com raiar da luz forte
Uma cobra vil estará evidente

Ora, 
o que teme, madame?
É o seu espetáculo lá fora
Não há falsa lágrima que derrame
Para sustentar a farsa agora?
Eu avisei, então, não reclame.

O seu turno tão perverso
Já não tem espaço no universo.

(De WILLIAM CONTRAPONTO)

17 de Maio Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia

17 de Maio Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia



Sobre conquistas e desafios da comunidade LGBTI+ numa sociedade pós pandemia é a pergunta que muitos de nós já começam a se fazer. Como será a relação dessa sociedade repleta de complexos interiores e preconceitos e ainda abalada por mortes, desemprego e outras consequencias causadas pela COVID-19? Essa pergunta parece ser uma questão importante para o debate agora, afim de poder nos prepararmos para os desdobramentos que possam ocorrer em relação aos nossos e a causa. O enfraquecimento da lei não poderá acontecer de maneira nenhuma já que após incidentes como esse da pandemia sempre pode fazer com que parcela religiosa radical busque explicações não científicas no campo dos costumes e do que avaliam como imoral para justificá-la como "castigo divino" e, sendo assim, a comunidade LGBTI+ é um dos principais alvos desse discurso. É preciso que desde já nossas lideranças elaborem um plano para que se evite isso e outro para caso haja movimentos fortes que nos causem danos.