Citação Acadêmica



Citação Acadêmica


Em 2022, versos de William Contraponto foram citados em um estudo acadêmico desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Educação, Diversidade e Direitos Humanos (GPEDDH), vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS).

O texto, apresentado em publicação institucional do grupo, utiliza um fragmento poético de Contraponto —


“Diversidade é a riqueza da vida.

É a beleza de cada ser.

É a harmonia de todas as vozes.

É a melodia que nos faz crescer.”


— como referência conceitual na reflexão sobre diversidade, inclusão e convivência no ambiente educacional.


A citação é analisada em diálogo com Paulo Freire, destacando o pensamento de William Contraponto como expressão da harmonia entre as diferenças e da valorização da singularidade humana.

Tal reconhecimento insere sua obra no campo do pensamento educacional e humanista contemporâneo, consolidando-o como poeta de relevância intelectual cuja escrita transcende o literário e dialoga com a pesquisa científica e pedagógica.


Abaixo o trecho citado no referido documento:






ESSÊNCIA E FORMA - WILLIAM CONTRAPONTO

 



Essência e Forma

William Contraponto


Do caos brotou a flor inteira, 

sem dono, sem moldura imposta, 

a vida é força verdadeira, 

que ri da lei que a reduz e encosta. 


No toque verde da paisagem, 

o ser se busca em cada tom, 

há grito mudo na passagem, 

de quem desperta e diz que é som. 


Ser é rasgar o véu do mundo, 

e não caber no que definem, 

é o gesto livre e mais profundo, 

dos que, ao ser, jamais se inclinem. 


A natureza é o verbo nu, 

que ensina o homem a existir, 

sem pretensão de ser tabu, 

nem medo algum de refletir. 


E quando o ser enfim se aceita, 

na diferença encontra abrigo, 

a vida é múltipla e perfeita,

porque o diverso é o próprio amigo. 


Mercadores de Fumaça - William Contraponto



Mercadores de Fumaça

William Contraponto


Mercadores de fumaça,

Nada é o que parece,

Mercadores de fumaça,

O vento logo esquece.


Vendem nuvem, vendem vento,

Prometem sol e trazem sombra,

Quem acredita perde tempo,

Mas a ilusão se desfaz na lombra.


Mercadores de fumaça,

Nada é o que parece,

Mercadores de fumaça,

O vento logo esquece.


Com palavras de ouro e espelho,

Sorriso ensaiado, mão leve,

Mas quem conhece o próprio conselho

Sabe que a máscara cedo ou tarde se deve.


Mercadores de fumaça,

Nada é o que parece,

Mercadores de fumaça,

O vento logo esquece.


Feira do vazio, da mentira,

Trocam o real por teatro e cor,

Mas quem se mantém e não se delira

Segue firme no rumo do que tem valor.


Mercadores de fumaça,

Nada é o que parece,

Mercadores de fumaça,

O vento logo esquece.


O Nada é a Raiz de Tudo - William Contraponto

 



O Nada é a Raiz de Tudo

William Contraponto


Do nada ergue-se o sopro mudo,

Que anuncia o ser em seu ensaio,

Na penumbra fria germina o estudo,

Do caos que molda o próprio raio.


Nenhum sentido nasce inteiro,

É do vazio que o verbo emana,

O nada é ventre verdadeiro,

Que dá à forma a dor humana.


A vida insiste em se inventar,

Mesmo onde o tempo se desfaz,

Há um sopro que tenta se afirmar,

Na ruína que o ser nos traz.


Do limite brota o pensamento,

Raiz que toca o incerto chão,

É no silêncio do tormento,

Que o tudo nasce da contradição.


E ao fim, quando o verbo se cala,

O nada reina, lúcido e mudo,

Pois toda existência se embala,

Na origem simples de um tudo.



Reflexo Desconexo - William Contraponto

 



Reflexo Desconexo

William Contraponto 


Não é por amor nem por favor,

É o medo que mantém.

Aparência moldada no pavor

De estar consigo e mais ninguém.


Rostos se dobram em disfarces,

Almas se calam no fundo.

Caminha-se em círculos e impasses,

Um vulto preso ao peso do mundo.


A verdade arde como chama,

Mas se esconde atrás da muralha.

O coração sabe o que reclama,

O corpo finge e logo falha.


Ser livre exige despir-se inteiro,

Aceitar a sombra que nos invade.

O medo é muro, frio carcereiro,

Que nega ao ser sua própria verdade.


E quando a máscara enfim cair,

Não restará nada além da essência.

Um ser cansado de fugir,

Sedento de paz, faminto de consciência.


Recordações: O Assessor do Deputado




Recordações:

O Assessor do Deputado 


Eu realmente não  sei o motivo de nunca ter contado para ninguém essa história que  vivi. Ela ficou resguardada durante 20 anos ou quase. Até agora. 

Pois  bem, sempre fui bastante participativo em assuntos da comunidade onde morava. Desde o início  da  adolescência (para ser mais específico). Havia  um debate na comunidade  sobre a emancipação dessa do restante do município e eu tinha proximidade com o presidente da comissão que pregava essa pauta. Numa dessas reuniões com a comunidade foi convidado o  deputado  federal  X, inclusive, já partido dessa vida (do também falecido PTB) que  veio prestar sua solidariedade ao pleito. E lá estava minha pessoa presente. 

O deputado veio assessorado por um daqueles que prestavam o mesmo  serviço em Brasília. 

Havia entre esse assessor e esse que escreve uma troca de olhares. Eu, sabia o que rolava, porém,  era muito inexperiente e amedrontado ainda no "armário". Tinha apenas 16 anos. Pois,  é: um "mucilon".

Aconteceu que em certo momento, o deputado precisava recarregar o celular e ninguém tinha um carregador disponível, então, alguém perguntou se eu tinha aquele tipo de carregador e a minha resposta foi afirmativa, porém teria que  buscar em casa. Logo, o assessor do deputado se dispôs a me levar em casa para pegar o tal carregador. Iríamos eu e ele somente. O mesmo dirigindo o carro do deputado. 

Tão logo embarcamos no carro ele disse seu nome (o qual não vou citar) e perguntou se eu gostava de meninos mais velhos ao tempo que  disse que tinha 21 anos. Fiquei meio sem jeito,  mas afirmei que sim. Era uma noite fria e meio chuvosa. Paramos em lugar com pouca iluminação. E ficamos. Por cerca de meia hora apenas, pois o deputado tinha outra agenda. Depois de ficarmos fomos na minha casa pegar o carregador para o deputado. E voltamos à reunião. 

Durante a reunião trocamos nossos  e-mails. 

No outro dia recebi uma mensagem do assessor me motivando a ir pra Brasília que ele conseguiria uma espécie de estágio no partido e eu poderia morar com ele. A ideia foi uma tentação,  mas obviamente não havia a mínima  condição de ser aceita devido ao fator da minha idade e também por desconfiar da intenção.

Nos correspondemos por um ano até que não mais. Passados 20 anos do acontecimento lembrei e resolvi contá-lo. 

Tais recordações também não são apenas sobre encontros, mas sobre o modo como nos reconhecemos no tempo. Na juventude, elas surgem como faíscas de desejo e incerteza; depois, se tornam testemunhos silenciosos daquilo que nos moldou. Ao revisitá-las, não é o passado que revive, mas a consciência presente que se amplia: percebemos que a vida não é feita de grandes certezas, e sim de instantes que nos empurram para fora do medo. Guardar foi uma forma de sobreviver; contar, hoje, é uma forma de existir.




O Martelo de Nietzsch - William Contraponto



O Martelo de Nietzsche

William Contraponto 


Toco o ídolo e ouço oco,

a pedra santa já não soa.

Mentira antiga cai aos poucos,

o nada é tudo o que ecoa.


Não é destruição sem norte,

é prova dura, sem engano.

O som revela o falso porte,

e expõe o vício do humano.


Cada martelada é sentença,

derruba a fé, rasga o véu.

A vida pede a sua presença,

não promessa de outro céu.


Ergue-se então o chão concreto,

sem ilusões para se apoiar.

O golpe é seco, frio e direto,

para ensinar a recomeçar.



CONGRESSO MARGINAL - WILLIAM CONTRAPONTO




 Congresso Marginal

 William Contraponto


As vozes se vendem por moedas gastas,

na mesa dourada que não vê a rua.

Assinam folhas e rasgam promessas,

e o povo assiste, calado, à sua.


Na tribuna, os discursos vazios,

palavras vestidas de falsa razão.

Por trás das cortinas, negócios sombrios,

a pátria leiloada em cada votação.


Congresso marginal, teatro do poder,

onde o voto é moeda e a mentira é lei.

Congresso marginal, palco de perder,

quem acredita sangra outra vez.


Erguem bandeiras que já não tremulam,

são panos de farsa, costura de pó.

E cada silêncio que as ruas acumulem

vira alimento pra quem manda só.


Os olhos do povo carregam cansaço,

mas ainda resistem no peito a lutar.

Pois toda mentira tem fim e tem prazo,

nenhuma muralha é feita pra durar.


Congresso marginal, teatro do poder,

onde o voto é moeda e a mentira é lei.

Congresso marginal, palco de perder,

quem acredita sangra outra vez.

O Preâmbulo do Sinuoso Amanhã - William Contraponto




O Preâmbulo do Sinuoso Amanhã

William Contraponto


No espelho o indivíduo se pergunta,

mas não é só de si que diz o reflexo 

O tempo o cerca, exige resposta,

entre o que cala e o que desponta.


O amanhã não é linha reta,

carrega desvios, curvas abertas.

Uns vendem certezas já apodrecidas,

outros recolhem verdades dispersas.


A democracia ainda respira,

mas sufocada por mãos de ferro.

O ouro dita leis silenciosas,

o povo tropeça em promessas de desterro.


Entre gritos de ordem e velhos estandartes,

ergue-se o espectro da mentira.

Ela se disfarça em nome de pátria,

mas guarda o preço da ferida.


E o ser, perdido entre lutas alheias,

pergunta se sua voz resiste.

Pois cada passo nesse sinuoso amanhã

decide se a esperança ainda existe.



O Ofício da Mente - William Contraponto




 O Ofício da Mente

William Contraponto


Não busca ouro, que é vaidade,

nem se alimenta de vãs coroas.

A mente livre é claridade,

semeia dúvidas silenciosas.


Não veste o brilho da ilusão,

nem pede glória passageira.

Age no fundo da reflexão,

ergue o pensar em sua esteira.


Saber não é prêmio ou troféu,

mas lâmina que rompe o véu.

É ponte erguida sobre o nada,

faísca que resiste calada.


O ofício da mente é semear,

não acumular, não dominar.

É fogo que insiste em arder,

é chama que força a crescer.




O ESPINHO QUE SUSTENTA O LUXO - WILLIAM CONTRAPONTO




O Espinho que Sustenta o Luxo

William Contraponto 


O lixo na cidade se acumula,

O luxo segue o mesmo caminho. 

A bandeira de poucos trêmula,

Enquanto a maioria pisa espinho. 


O grito da fome é contido,

abafado por telas brilhantes.

Um povo cansado e esquecido,

som perdido em ruas distantes.


As praças se tornam vitrines,

com passos de pressa e descaso.

Erguem-se muros e confins,

derruba-se o humano no atraso.


O poder se veste de ouro,

mas seus pés tropeçam na lama.

Promete futuro sonoro,

entrega cinza e mais trama.


Enquanto se erguem palácios,

ergue-se também a miséria.

Nos becos, os corpos cansados

carregam a dor que não cessa.


E o tempo que passa impassível

não limpa a ferida exposta.

A cidade, em ciclo terrível,

repete a mesma resposta.

A CLAREZA DA TEMPESTADE - WILLIAM CONTRAPONTO

 



A CLAREZA DA TEMPESTADE 

William Contraponto 


Sem o impulso da tempestade

O que haveria além da realidade?

Aquilo que nos traz a incerteza

Também produz maior clareza.


É no relâmpago que rasga o véu,

que o olhar descobre outro céu.

A dúvida, antes sombra e prisão,

abre passagem à revelação.


O caos, que assusta e nos desmonta,

é também o sopro que reconstrói.

Na queda, a consciência se apronta,

na perda, algo novo se constrói.


Não há calmaria sem o desvario,

nem se conhece o fogo sem frio.

Só o contraste revela sentido,

só no abismo se vê o infinito.


Assim seguimos, entre dor e alívio,

entre naufrágio e porto cativo.

Pois a tormenta é mestra severa,

mas sua lição é a mais sincera.



Status Sem Conteúdo - William Contraponto



Status Sem Conteúdo

William Contraponto


O dinheiro é tudo o que ele tem,

fala alto, mas pensa raso.

Confunde respeito com amém,

vive exibindo o próprio atraso.


Não lê, não ouve, não pergunta,

mas quer parecer importante.

A ignorância nunca o assusta,

desde que o carro seja brilhante.


Fala muito pra esconder o nada,

o vazio mora em seu discurso.

A alma trancada, alma calada,

compra amigos no cartão de uso.


Segue a vida como vitrine,

vendendo o que não é verdade.

Sua existência é palpite fino,

mas fede à superficialidade.


Foge de tudo que é profundo,

pois teme o peso de pensar.

No palco raso deste mundo,

prefere pagar do que mudar.


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INDIGNAÇÃO DE VIDRO - WILLIAM CONTRAPONTO




 Indignação de Vidro

William Contraponto


Gritam por causas que não conhecem, 

mas fazem delas vitrine e vitral. 

Posam em guerras que não pertencem, 

temendo o toque do sangue real. 


Seu pranto é brando, mas bem ensaiado, 

com luz precisa para comover. 

O palco é quente, o drama é dourado, 

e a dor é roupa para se vender. 


Apontam erros de quem não ameaça, 

pois o perigo é sempre distante. 

Sua coragem é só fumaça, 

que some quando a luta é constante. 


Falam de mundo com frases prontas, 

mas nada sabem de chão ferido. 

Se a fome chama, viram as contas, 

pois é feio o rosto do desvalido. 


E assim desfilam na indignação, 

com passos firmes para a plateia. 

Não buscam causa, só aprovação, 

num gesto oco que nada semeia. 




Considerações Reflexivas: Aprendi a Respeitar e Entender Simbolismos sem o Olhar Religioso ou Místico - William Contraponto

 


Aprendi a Respeitar e Entender Simbolismos sem o Olhar Religioso ou Místico


Durante muito tempo fui ensinado a associar símbolos a crenças, ritos e dogmas. Toda cruz era uma fé. Todo círculo, uma divindade. Todo gesto, uma invocação. Mas aos poucos comecei a perceber que há mais camadas nas formas que repetimos e nos signos que carregamos do que apenas o viés religioso ou místico. Aprendi com o tempo, e talvez com certa dor, a respeitar e entender os simbolismos como linguagem humana. Não como ponte para o sobrenatural, mas como reflexo do que somos e do que buscamos compreender.

O símbolo não é necessariamente uma janela para outro mundo. Pode ser apenas um espelho. Um modo de organizar o caos da experiência. Um desenho que resume uma ideia complexa, um medo ancestral, um desejo escondido. A serpente, por exemplo, já foi o mal, a sabedoria e a renovação. Nenhuma dessas definições é definitiva, todas são interpretações culturais. O símbolo, em sua essência, não exige fé. Exige leitura.

Percebi que símbolos são como palavras condensadas, signos que falam diretamente ao imaginário, não à crença. Eles pertencem à arte, à filosofia, à política, à ciência e até ao cotidiano. Um punho cerrado é resistência. Um arco-íris, diversidade. Um labirinto, introspecção. E tudo isso pode ser compreendido sem recorrer ao sagrado. Basta enxergar o humano por trás da forma.

Respeitar os simbolismos, para mim, passou a ser um ato de escuta. Um esforço de tradução. Entender que eles não são meros enfeites, tampouco relicários mágicos. São manifestações simbólicas de trajetórias coletivas e individuais. São tentativas, muitas vezes desesperadas, de dar sentido ao indizível. E esse esforço é digno de respeito, mesmo que não acreditemos no invisível.

Assim me libertei da obrigação de crer para compreender. E aprendi a honrar os símbolos como quem lê um poema, não buscando verdades absolutas, mas sentidos possíveis. Porque, no fundo, simbolizar é um modo de sobreviver ao real, e isso por si só já é profundamente humano.







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A NAVALHA DO TEMPO - WILLIAM CONTRAPONTO




A Navalha do Tempo

William Contraponto


O tempo fere, mas não grita,

seu corte é seco e sem perdão.

A alma cala, mas acredita

que há consolo na erosão.


Cada segundo abre uma brecha,

por onde escapa o que não foi.

O que se guarda, o tempo recha,

o que se perde, nunca dói.


Faz do relógio um carrasco,

do calendário, um tribunal.

E segue firme, passo a passo,

com sua foice sem igual.


Na pele escreve seus sinais,

nas veias marca o que não cessa.

Faz dos inícios, ritos finais,

e da esperança, promessa.


Tudo que é vivo já termina,

mesmo ao nascer, já vai ao chão.

O tempo afia, e se inclina

sobre o silêncio da razão.



Considerações Reflexivas: Da Interpretação Mística à Investigação Racional - William Contraponto

 Considerações Reflexivas: 




Da Interpretação Mística à Investigação Racional

William Contraponto 

A espiritualidade sempre esteve ligada à conexão com a natureza e à tentativa de compreender fenômenos que, para os povos antigos, pareciam inexplicáveis sem recorrer a forças ocultas ou sobrenaturais. Hoje, porém, a ciência e certas correntes filosóficas oferecem explicações para muitos desses fenômenos, sem a necessidade de recorrer ao misticismo. Além disso, permitem que aquilo que ainda não tem explicação permaneça em aberto, sujeito a investigação e estudo, até que se alcance uma resposta plausível e fundamentada.

Desse modo, a evolução do conhecimento humano nos permite valorizar a espiritualidade como expressão cultural e histórica, sem que ela precise ocupar o lugar da ciência na explicação do mundo. Ao reconhecer a importância do questionamento, mantemos viva a curiosidade e a abertura ao novo, sem fechar as portas para investigações futuras que possam ampliar nosso entendimento da realidade.




CAMINHO SEM MILAGRE - WILLIAM CONTRAPONTO

 



Caminho Sem Milagre

William Contraponto 


Não existe um deus de verdade,

Nem voz oculta a nos vigiar,

Se há trevas nesta realidade,

Que divindade viria salvar?


Se houvesse um ser tão supremo,

Por que deixaria a dor florescer?

Nos becos do medo, seremos

Nós mesmos quem vamos viver.


Um céu prometido é miragem,

Enquanto há fome ao redor,

Quem dita a sorte e a coragem

É o passo que damos, maior.


Fizemos da dúvida um canto,

Do pranto, fizemos saber,

Se um mito consola o quebranto,

A razão nos ensina a crescer.


Pois creio no instante, no agora,

No abraço, no verbo, no chão,

Que seja real o que aflora

E não sombras presas na mão.








SENTIDOS DORMENTES - WILLIAM CONTRAPONTO




Sentidos Dormentes 

William Contraponto 


Há olhos que fingem não ver a dor 

Do rosto ferido que passa na rua, 

Preferem calar o incômodo pavor 

E manter sua paz tão vazia e nua. 


Há ouvidos que negam o grito profundo 

Do ventre faminto clamando por pão, 

É fácil dormir num conforto sem mundo 

Blindar-se do outro, trancar compaixão. 


Sentidos dormentes, refúgio mesquinho, 

Que ignora a fome, a violência e a queda, 

Quem não sente o alheio caminha sozinho, 

E ajuda a manter o silêncio na pedra. 


Despertar para a realidade é preciso 

E deixar essa velha indiferença,

Ninguém espera um paraíso, 

Mas que ao menos haja justiça. 






Sistema Clandestino - William Contraponto






Sistema Clandestino

William Contraponto


Nas dobras do mundo que nega o espelho,

entre os escombros de leis sem abrigo,

nasce um murmúrio oculto, sem selo:

é voz dos que sangram, mas seguem contigo.


O sistema opera com ferro e ausência,

impondo muros, selando os porquês.

Mas onde há veto, germina resistência;

a noite abriga o que o dia não vê.


Sistema clandestino, vivo e negado,

não por crime, mas exclusão.

São corpos-tinta, sonho rasgado,

escrevendo o mundo na contramão.


Lá onde o grito é gasto e negado,

levanta-se um pacto, um novo chão:

a arte marginal, o gesto calado,

a dança em becos, o pão de irmão.


Sistema clandestino, feito de ausentes,

de pele esquecida, de fé sem altar.

É rede invisível, são mãos insurgentes,

costurando brechas pra respirar.


Eles dizem “caos”… mas é refúgio.

Eles dizem “crime”… mas é viver.

Na negação, brota outro fluxo:

um mundo inteiro a renascer.


Sistema clandestino, sem permissão,

mas com verdade na contraluz.

É lágrima, riso, fogo e canção 

é o que resiste enquanto a dor conduz.





Tecido Inacabado - William Contraponto




Tecido Inacabado 

William Contraponto 


Buscar a melhor resposta

é insistir no questionamento,

e quando ela é posta

abre-se a margem do complemento.


Pois cada palavra dita

é nascente de outra pergunta,

e a verdade nunca é restrita,

apenas muda, jamais se junta.


Quem pensa que encerra o sentido

se esquece do tempo e do olhar,

há sempre um mistério contido

no gesto de interrogar.


Assim se faz vivo o caminho,

ao sopro da dúvida constante,

pois quem caminha sozinho

se perde no labirinto distante.


Melhor é trançar pensamento

com o fio do aprendizado,

sabendo que o entendimento

é tecido inacabado.







O Mistério que Somos - William Contraponto



O Mistério que Somos 

William Contraponto 


Há um lume cambaleante

No céu desta noite sem dono,

Há uma canção inquieta

Na sala onde a espera é abandono.


Há um sopro que se insinua

Por frestas do pensamento,

Há um tempo que continua

Sem promessa de alento.


Há um passo que se demora

No chão de sua própria ausência,

Há um eco que a hora

Transforma em consciência.


E no compasso vacilante

Do ser que escolhe o caminho,

Há um lume cambaleante

No mistério que somos sozinhos.






Canção da Madrugada - William Contraponto

 



Canção da Madrugada

William Contraponto 


Ando pelas ruas, meio em silêncio.

O mundo parece tão fiel,

Porém, em mim, há um incêndio

Que arde num canto cruel.


Olho as portas ainda cerradas;

O céu se desfaz num papel.

Observo a nota, entre calçadas,

Que me prende num tom tão fiel.


Acho que será uma manhã ensolarada,

Mas ainda estou a me questionar:

Quando surge uma canção na madrugada,

Também não seria para iluminar?


Nem todo farol aponta o trilho,

Nem toda luz vem do perfil.

Às vezes, um som, num canto simples,

É o que resgata o mais sutil.


Talvez não seja só poesia,

Talvez um gesto mais gentil...

O que desponta em noite fria

É sopro terno, quase infantil.


Acho que será uma manhã ensolarada,

Mas ainda estou a me questionar:

Quando surge uma canção na madrugada

Também não seria para iluminar?


Se a escuridão compõe a dança,

E o silêncio tenta conversar,

Talvez não caiba mais cobrança,

Talvez seja hora de cantar.


Acho que será uma manhã ensolarada,

Mas sigo sem pressa de encontrar.

Pois a canção me toca na madrugada,

E sigo tentando nossas linhas interpretar.




#200




O Império da Mentira - William Contraponto

 



O Império da Mentira 

William Contraponto


O sangue traça o marco da inglória,

Não há justificativa no terror gratuito.

A mentira inaugura uma fase decisória, 

Com seu império, grito e bomba dá o veredito.


O medo ergue o altar do comandante,

Que vende paz com pólvora na mão.

Se o inimigo é vago e mutante,

Cabe ao discurso moldar a razão.


A história curva-se ao protocolo,

Entre sanções, promessas e punhais.

E a verdade, enclausurada no solo,

Silencia sob escombros imorais.


Cria-se o monstro em tela e manchete,

Edita-se a fúria com precisão.

A máquina mente, projeta e repete,

E a guerra ganha nova encenação.


Com mapas falsos e dardos verbais,

Assina pactos, escolhe a invasão.

E enquanto lucros fluem dos canais,

O povo sangra sem explicação.


Em salas frias, o jogo é traçado:

Quem morre, quem lucra, quem irá cair.

E a potência, ao engano viciada,

Segue a história que insiste em mentir.








O Homem na Porta - William Contraponto





O Homem na Porta 

William Contraponto


O homem na porta observa

E tira suas previsões,

Entre uma e outra reserva

Vê o que há em ambas situações.


O homem na porta hesita,

Mas não cessa de esperar,

Pois cada cena palpita

Com algo a revelar.


Vê passarem os enganos

Com vestes de solução,

E os que fingem há muitos anos

Ser donos da direção.


Escuta o rumor da rua

Com olhos de dentro e fora,

Como quem encara a nua

Verdade que se devora.


Vê que a luz também confunde

Quando insiste em dominar,

E que o claro só responde

Se o olhar souber mirar.








Verdade em Guerra - William Contraponto




Verdade em Guerra

William Contraponto


A verdade permanece sendo a verdade

Mesmo que a mentira adquira aliados,

Daquilo que está posto na realidade

O ultraje futuro já é dado a um dos lados.


Ela resiste muda entre os escombros,

Enquanto o engano ergue monumentos,

Mas sob a máscara dos próprios ombros

Pesam as farsas e seus fingidos ventos.


Na superfície o falso ganha aplauso,

Com vozes prontas para o encobrimento,

Mas dentro cresce o grito sem repouso

De quem não vende o próprio pensamento.


Porque há justiça que não usa togas

E há memória que fere como espada,

Por mais que o tempo nos misture as vogas

A essência do real não se degrada.


E quando ruírem os cenários vãos,

Restará o gesto limpo e sem artifício:

A verdade, intacta, entre os irmãos,

Como sentença fora do edifício.






CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS: Espelhos e os Tempos - William Contraponto

 CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS 


Os Espelhos  e os Tempos.

William Contraponto 


"Se você tem a idade que seu pai tinha quando você nasceu, provavelmente você já é mais sábio do que ele." A frase provoca, inquieta, mas não carrega arrogância. Ela aponta para uma realidade silenciosa: o tempo mudou, e com ele, mudou também o que significa ser sábio.


Aos trinta ou quarenta anos, nossos pais enfrentavam um mundo com menos perguntas, mas também com menos ferramentas para respondê-las. A informação era escassa, lenta, mediada por poucas fontes. O saber exigia tempo, paciência, sorte. Hoje, basta um toque, uma busca, um vídeo. Isso não transforma ninguém, por si só, em conhecedor. Mas amplia drasticamente o campo de possibilidades. O que nossos pais levavam décadas para descobrir por tentativa e erro, nós encontramos em segundos — às vezes, acompanhados de análises, críticas, múltiplas visões.


Mas há mais. Somos o acúmulo dos erros e acertos deles. A cada geração, há uma certa revisão, uma espécie de auditoria silenciosa sobre o modo de viver anterior. Herdamos suas angústias, seus medos não ditos, suas esperanças fracassadas. E também suas pequenas vitórias. Em muitos casos, quando atingimos a idade deles, já refletimos sobre tudo que eles viveram sem nomear. Somos, muitas vezes, mais analíticos. Porque tivemos tempo para pensar sobre aquilo que eles mal puderam compreender enquanto acontecia.


Nosso mundo exige outras formas de sabedoria. Não é mais preciso saber consertar um motor, mas talvez seja vital entender as engrenagens de uma mentira. Hoje, é mais útil interpretar um algoritmo ou reconhecer uma manipulação do que decorar fórmulas. A sabedoria, agora, está menos em repetir, mais em desconfiar. Menos em obedecer, mais em escutar.


Mas isso não faz de nós melhores. Faz de nós filhos de uma continuidade. Nossos pais fizeram o que podiam com o que tinham. Suaram por certezas que hoje questionamos. Protegeram-se de verdades que hoje enfrentamos. Foram valentes à sua maneira. Nós, talvez, tenhamos mais lucidez, mas também mais cansaço, mais ansiedade, mais ruído.


Se somos mais sábios, é porque herdamos a estrada já parcialmente trilhada. Porque tivemos espelhos, livros, filmes, internet, terapia, ciência, e — talvez o mais importante — tempo para olhar para dentro. Sabedoria não é só experiência, é consciência da experiência. E isso, em tempos velozes, pode surgir mais cedo.


Mas que fique claro: sabedoria não é soberba. Reconhecer esse possível avanço não é desmerecer quem veio antes. É compreender que o tempo nos empurra adiante, mesmo que a passos invisíveis. E que, se há mais luz em nós, é porque outros acenderam a tocha em meio ao escuro.


Leio o Teu Corpo - William Contraponto

 



Leio o Teu Corpo

William Contraponto


Leio o teu corpo

como quem lê uma poesia,

nele sou um sopro

que canta e não silencia.


Teu gesto é palavra

que o tempo nunca apagou,

tua pele se lavra

com tudo o que me tocou.


Teus olhos, vertigem,

me desnudam sem temor,

no silêncio há origem

de um antigo e novo ardor.


Te beijo num saboreio,

de um gosto que busca sentido,

e em cada parte do mistério

revela-se um verso escondido.


Leio o teu corpo

como quem lê uma poesia,

nele sou um sopro

que canta e não silencia.


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.


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Versão Áudio:






Sigas Autêntico e Caminhante - William Contraponto

 



Sigas Autêntico e Caminhante 

William Contraponto 


Quando tudo parecer ruir,

E o chão faltar sob teus pés,

Não te prendas ao que não é,

Nem te percas no porvir.


Não te digo para ficar,

Mas que ames o que fores capaz.

Sem cessar de caminhar,

Rumo à rara e plena paz.


Se a dor vier como neblina,

Deixa que passe sem moldar teu rosto.

Nem tudo o que pesa te ensina,

Nem todo silêncio é desgosto.


O tempo não vai explicar,

E o mundo talvez nunca peça desculpas.

Mas tu, inteiro em teu lugar,

Sabes o valor das lutas.


Não te digo para ficar,

Mas que ames o que fores capaz.

Sem cessar de caminhar,

Rumo à rara e plena paz.


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Livros, Flores e Indivíduo - William contraponto Contraponto

 



Livros, Flores e Indivíduo

William Contraponto


Entre palavras, passos e flores,      

o mundo gira sem direção.        

Há páginas que sangram dores,      

e pétalas que caem sem razão.      


Os livros guardam o que não cabe,    

as flores dizem sem falar.         

O indivíduo, esse que não sabe,     

é quem insiste em caminhar.        


Leio pra não me conformar,        

cultivo o efêmero com cuidado.     

Penso pra não me entregar,        

mesmo com tudo desmoronado.     


Há quem se apoie em respostas prontas, 

e quem recite a fé como um dever.    

Mas desconfio dessas contas,      

prefiro o risco de não saber.       


Este livro é voz que não consola,     

não promete um chão seguro.       

É silêncio que se desenrola        

no coração do mais escuro.        


Livros, flores e indivíduo: três sinais  

de que viver ainda é lutar.        

Mesmo entre ruínas e temporais,    

há quem se recuse a ajoelhar.      


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Para Ouvir:



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OS QUE FICARAM - WILLIAM CONTRAPONTO

 



Os Que Ficaram

William Contraponto


Era.

Sem disfarces.

Mas também — sem cartazes.


Fui o que era,

sem anunciar,

sem negar.


Toquei muitos —

como eu —

sem nomear o que havia.

Corpos sabiam,

palavras não.


Alguns chamariam de busca,

outros, de fuga.

Para mim,

era caminho.


Até que me aceitei.

Me revelei.

Não ao mundo —

mas a mim.

E bastou.


Enquanto tantos,

com quem me perdi,

optaram por se esconder.

Assinaram papéis,

tiveram filhos,

ergueram casas.

Mas não abrigo.


Fizeram o que se espera.

E esperam, ainda hoje,

que a vida passe

sem que ninguém veja

o que falta por dentro.


Ficaram nas sombras

das aparências.

Eu?

 Neguei esse papel.

Grandes Mentes e Corações Livres: Homens Homossexuais na História - William Contraponto



Grandes Mentes e Corações Livres: Homens Homossexuais na História

William Contraponto 


Ao longo da história, inúmeras figuras notáveis contribuíram para a arte, a ciência, a política, a filosofia e a cultura humana enquanto vivenciavam o afeto e o desejo por outros homens. Em contextos muitas vezes hostis à diversidade sexual, esses indivíduos desafiaram normas e moldaram o mundo com inteligência, sensibilidade e coragem — nem sempre abertamente, mas sempre com impacto.


A lista a seguir apresenta pensadores, artistas, líderes e criadores cujo legado é inseparável de sua humanidade complexa — e, muitas vezes, silenciosamente queer. A sexualidade aqui não é detalhe biográfico, mas parte de uma trajetória de liberdade, dor, beleza e invenção.


FILÓSOFOS

Michel Foucault – Francês. Estudou poder, sexualidade e instituições. Gay assumido, viveu amores intensos e desafiou convenções.

Ludwig Wittgenstein – Austríaco. Relações afetivas com homens aparecem em cartas e biografias. Suas reflexões sobre linguagem ecoam sua angústia pessoal.

Roland Barthes – Francês. Crítico cultural e semiólogo. Vida íntima marcada por afetos homoeróticos.

Jacques Derrida – Francês. Teórico da desconstrução; sexualidade não assumida publicamente, mas debatida academicamente.

Paul B. Preciado – Filósofo transmasculino contemporâneo. Gay, desafia normas de gênero e sexualidade com obras incisivas.

Edward Carpenter – Inglês. Utopista e socialista, foi um dos primeiros a escrever abertamente sobre o amor entre homens.


POETAS E ESCRITORES

Walt Whitman – Americano. Poemas como Leaves of Grass celebram o corpo masculino com lirismo sensual.

Federico García Lorca – Espanhol. Sua poesia e teatro carregam o drama da repressão e do desejo homoafetivo.

Jean Genet – Francês. Exaltou a marginalidade e o erotismo homoerótico em obras transgressoras.

James Baldwin – Americano. Negro, gay e escritor brilhante. Uniu denúncia racial à vivência afetiva queer.

Reinaldo Arena – Cubano. Gay, perseguido pela ditadura. Seus livros gritam liberdade e amor sob opressão.

Caio Fernando Abreu – Brasileiro. Íntimo, urbano, lírico. Escreveu sobre desejo, morte e esperança com intensidade.

Arthur Rimbaud – Poeta francês. Adolescente genial, viveu um romance tempestuoso com Verlaine.

Paul Verlaine – Simbolista francês. Poeta de versos suaves e vida agitada, apaixonado por Rimbaud.

Allen Ginsberg – Americano. Beatnik, gay e rebelde. Misturou misticismo, política e homoerotismo em versos abertos.

Marcel Proust – Francês. Sua monumental obra esconde (e revela) o desejo homossexual sob múltiplas camadas.

Yukio Mishima – Japonês. Nacionalista, esteta e gay. Suas obras e morte performática revelam conflito entre identidade e ideal.

Pier Paolo Pasolini – Italiano. Poeta, cineasta, gay e comunista. Mergulhou na marginalidade com lucidez profética.


MÚSICOS E COMPOSITORES

Pyotr I. Tchaikovsky – Russo. Suas cartas revelam angústia frente à homossexualidade em uma Rússia repressiva.

Freddie Mercury – Vocalista do Queen. Ícone queer da música global, desafiou padrões com sua voz e presença.

George Michael – Cantor britânico. Após sair do armário, tornou-se ativista pela visibilidade LGBTQIA+.

Elton John – Pianista e cantor. Gay assumido, construiu carreira e família com orgulho.

Frank Ocean  – Cantor e compositor. Sua carta aberta sobre amar um homem marcou a música contemporânea.

Kevin Abstract – Rapper e produtor do Brockhampton. Gay, fala abertamente sobre identidade e racismo.

Cazuza, Renato Russo...


CIENTISTAS E INVENTORES

Alan Turing – Britânico. Quebrou o código nazista e fundou a ciência da computação. Condenado por ser gay, morreu tragicamente.

Leonardo da Vinci – Renascentista italiano. Indícios históricos apontam para homoafetividade; acusado de sodomia na juventude.

Ben Barres – Neurocientista americano. Transmasculino e gay. Destacou-se na pesquisa e na luta contra o sexismo.

Magnus Hirschfeld – Médico alemão. Fundador do Instituto de Sexologia. Pioneiro no estudo da sexualidade.

Lou Sullivan – Escritor e ativista. Primeiro homem trans gay a se declarar como tal.

Edward Carpenter – Também aqui listado como filósofo, foi um pensador-cientista pioneiro do amor entre homens.


ARTISTAS VISUAIS

Michelangelo Buonarroti – Italiano. Seus poemas revelam amor por jovens homens. Esculturas como o David expressam o ideal mascmasculino.

Leonardo da Vinci – Também listado como cientista. Sua obra e vida sugerem afeição erótica por discípulos e modelos.


ESTADISTAS E LÍDERES HISTÓRICOS

Alexandre, o Grande – Rei da Macedônia. Relação intensa com Heféstion, tratada como esponsalícia por fontes antigas.

Adriano – Imperador romano. Enlutado pela morte de Antínoo, transformou-o em deus e símbolo de beleza.

Harvey Milk – Político americano. Primeiro eleito abertamente gay nos EUA. Assassinato virou símbolo de resistência.

Xavier Bettel – Luxemburguês. Primeiro-ministro abertamente gay.

Leo Varadkar – Irlandês. Filho de imigrantes, gay e ex-primeiro-ministro.

Elio Di Rupo – Belga. Ex-premiê. Um dos primeiros líderes de país assumidamente gay.

Klaus Wowereit – Prefeito de Berlim. Famosa frase: "Sou gay, e isso é bom assim."

Bertrand Delanoë – Ex-prefeito de Paris. Gay, promoveu visibilidade.

David Norris – Irlandês. Senador e ativista histórico pela descriminalização da homossexualidade.

Tamás Dombos – Húngaro. Ativista por direitos LGBTQIA+ em um país conservador.


E esses são  só alguns... senão a lista seria imensa.



Fontes: Wikipedia, Superinteressante, YouTube 

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Autossuficiência - William Contraponto

 




Autossuficiência

William Contraponto


Quem se conhece habita o próprio chão,

não se distrai com laços passageiros.

Aceita o peso bruto da solidão,

recusa os braços frágeis dos cordeiros.


Não faz do outro um fim ou direção,

nem cede ao medo em gestos traiçoeiros.

Ama por escolha e não por condição,

não finge paz em vínculos inteiros.


Carrega a angústia como quem respira,

sabendo: ser é fardo e liberdade.

Não busca um Deus que a dor justifique ou gira,

prefere o abismo à falsa claridade.


Age sem desculpa ou destino imposto,

na autenticidade crava o passo.

Não veste a má-fé nem aceita o encosto

de um sentido herdado, frágil e escasso.


Amar não é negar o absurdo cru,

mas partilhar a queda com firmeza.

E se o vazio lateja sem um “tu”,

ainda assim se vive — com inteireza.



Mecanismos de Aparência - William Contraponto

 



Mecanismos de Aparência

William Contraponto


Análises superficiais

dormem no leito da emoção,

não buscam causas essenciais,

mas só o efeito em erupção.


O verbo fácil, envenenado,

disfarça a angústia de pensar,

evita o mundo interrogado

quem não deseja escutar.


Lacrar virou filosofia

de toda avessa reflexão,

mas tudo aquilo que se ria

retorna em outra pulsação.


Há método nessa oratória:

seduz os olhos sem mirar,

é fácil vestir a vitória

quando o pensar quer descansar.


O grito veste um simulacro

de liberdade sem saber,

pois sem pausa ou campo sacro

ninguém aprende a perceber.




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