Entre Bréus e Clarões
William Contraponto
No fulgor do caminho em bréu,
existe uma névoa de possibilidades.
O acaso já não se reduz ao léu;
há vultos que escolhem suas verdades.
Passos vacilam no chão incerto,
entre silêncios que fingem sentido.
Cada gesto traça um rumo encoberto,
no compasso de um tempo dividido.
O humano se inventa a cada erro;
já não basta o contorno na vitrine.
Errando o alvo para encontrar-se inteiro,
entre ausências, o sentido se define.
Há um cansaço que move os sentidos,
uma sede que não quer saciedade.
Vontades nascem de sonhos partidos,
e habitam fendas da realidade.
No fulgor que antes era cego e espesso,
desvela-se o passo que nunca se viu.
A névoa, enfim, já não teme o começo,
pois há lucidez no que antes era vazio.
